segunda-feira, 21 de março de 2011

Águas de março

Semana do meu niver. Penúltima semana na empresa que trabalho.

Março terminando com fortes emoções.

Sábado fui ao show da Shakira. E aí que enquanto ela dançava La tortura eu tomei uma decisão. Em abril, último mês no Brasil, farei o que mais amo na vida: dançar. Vou fechar um curso com aulas particulares. Só eu e o professor.
Dançar sempre me livrou de todos os pensamentos, sempre me tornou livre. Então será esse o meu foco antes de mergulhar num momento posterior que vai mudar a minha vida.

E pra quem não viu ainda, uma palhinha do que esse furacão de mulher fez no Estádio do Morumbi sábado. É impossível não ficar hipnotizada.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Inquietações

Eu sou intensa no talo. Daquela intensidade de olhar algo e dizer "Caralho, isso é lindo. Amei, quero isso hoje pra minha vida!". Ou de odiar a ponto de não conseguir chegar perto, de não querer nem saber.
E isso gera as duas faces da moeda. Porque a intensidade te traz impulsividade. O que não te faz bem, te faz mal. Não existe meio termo. Não existe o sentar em cima do muro e ficar contemplando a paisagem pensando no que fazer.
Então eu sou a pessoa que decido. Que quero, que faço, aconteço. Não espero ninguém dizer algo, comigo não tem muito a esperar. Vai me fazer feliz? É isso que eu quero. E quero agora, sem demora.
Mas tem o lado horrível dessa intensidade. Que é não saber lidar com o sofrimento. Uma vez que decidi que algo me faz mal e que preciso seguir em frente, eu não quero que isso seja muito dolorido. Quero que passe logo, quero amanhã mesmo estar bem, quero sair de carro do trabalho, pegar a estrada linda no trajeto de volta pra casa, olhar o Sol se pondo e pensar: "Estou livre. Meu coração está livre".
E aí fica essa dorzinha maldita, martelando. Me fazendo passar o dia entretida com o trabalho, mas durante a noite repensar tudo o que houve, questionar o porque não saí disso antes. Porque dessa maneira agora eu já estaria plenamente recuperada. E pronta pra alçar novos voos.

Eu preciso ser menos intensa. Mas ao mesmo tempo sei que caso consiga ser, não estarei sendo eu mesma.
Já posso comprar a máquina do filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" pra acelerar o processo?
Uma das pessoas que eu mais admiro na vida tem uma história tão interessante, que resolvi contar aqui. É tão inspiradora pra mim, que acho que pra outras pessoas também pode ter esse efeito.

Ela nasceu em família humilde, fez graduação em Adm. de Empresas porque não tinha dinheiro para pagar Veterinária, sua grande paixão de infância. Cresceu muito nas empresas que trabalhou, até alcançar a posição de executiva de Suprimentos em uma Multinacional. Era feliz, muito feliz no que fazia. Mas sua vontade de trabalhar com animais e ter sua clínica veterinária nunca saiu do foco.
Um dia, já muito estabilizada financeiramente e numa empresa que a valorizava totalmente como profissional, ela resolveu voltar para a universidade e cursar veterinária. Sabia que seria difícil, ela agora era uma executiva cheia de reuniões, apresentações e conferências fora do país. Ninguém entenderia e por isso ela manteve essa decisão em segredo. E cursou a faculdade inteira sem que ninguém soubesse. Passou por momentos difíceis quando chegou a época de fazer o Estágio supervisionado e ela não poderia abandonar o cargo de destaque na empresa que trabalhava. Conseguiu um Estágio não remunerado numa clínica veterinária 24 horas, trabalhava lá das 19h00 à 01 da manhã. Ia caindo de sono pro trabalho no dia seguinte, dormiu em cima dos livros diversas vezes estudando até muito tarde. Um dia, estagiando na clínica veterinária o seu chefe na empresa entrou com a cachorrinha dele que estava doente, para um atendimento de emergência. Na hora que a viu, assustou-se e perguntou o que ela fazia ali. Ela disse que era voluntária na clínica alguns dias da semana e tudo ficou bem.
E assim ela terminou o curso e com o dinheiro que tinha guardado de seu ótimo emprego atual na época, foi morar na África, onde tem sua própria clínica onde atende também animais carentes.
Quando olho a história dela, vem sempre o pensamento que você será sempre do tamanho do seu sonho. E pode soar piegas e auto-ajuda demais. Mas muitas pessoas deixam a mecânica do dia a dia tomar suas vidas. Esquecem qual é o seu real propósito. Aquilo que te apaixona, te brilha os olhos. Acham por bem a continuação na rotina já confortável. Não jogam pro alto, não correm atrás de seus objetivos.
Todas as vezes que me pego consumida pela rotina, lembro da minha amiga. Dos seus emails, de todas as situações, saias justas, momentos difíceis. E do quanto ela é incondicionalmente feliz hoje. E então esse medo absurdo de ter tomado a decisão errada, vai embora. E meu coração mostra que estou na direção certa.

:)
Um dia desses tomando um chopp com um amigo, conversavamos sobre filmes. Cenas de filmes. Eu não sei vocês, mas filmes e músicas mexem muito comigo. A ponto de eu repensar a vida, se a frase é dita com efeito e me toca profundamente.
E ele me contou que "Brokeback Mountain" foi o filme responsável pelo divórcio dele. Eu ri muito, é bem perigoso dizer isso com relação ao filme que tem como foco a relação entre dois gays, não é mesmo?
Mas aí ele me disse que estava ali assistindo uma cena onde num encontro entre os protagonistas um diz ao outro:
- Você viu o que faz comigo? Viu como me faz sofrer, viu como está acabando com a minha vida?
O outro respondeu:
- Eu nunca fiz nada. Você se permitiu chegar onde chegou.

E nesse dia ele resolveu pedir o divórcio. Porque percebeu que era ele o responsável por toda aquela infelicidade do momento. Mais ninguém.

sábado, 12 de março de 2011

Forget and forgive

Vejo algumas pessoas contando histórias de reviravoltas em suas vidas. Daquele momento crucial onde as coisas precisam mudar, e sabe-se que precisa ser rápido. E sempre citam o amor como principal fator motivador da mudança. Acho curioso ouvir essas histórias, porque eu funciono de forma exatamente contrária: A minha embreagem motivadora de mudança e transformação é a raiva. A fúria.
Todas as vezes que precisei seguir em frente, tomar uma decisão importante, ir ou deixar alguém ir, foi sempre motivada pela raiva. Raiva em perceber até onde me permiti chegar por alguém. Raiva por ter acreditado em todas as promessas e juras. Raiva por um dia ter deixado o pé atrás que sempre tenho de lado, e ter me permitido viver aquilo. Raiva por ter me jogado de cabeça sem pensar muito nas consequências. Raiva por ter dentro de mim um sentimento tão forte e digno de valor, quando ele nunca deveria ter acontecido.
Você vai me dizer que essas coisas não se escolhe. Sentimento é sentimento. E é aí que você se engana. Existe uma linha tênue, aquela linha lá no início quando você olha para as coisas e ainda pode ter opção entre ficar ou ir sem dor alguma independente de sua escolha. Passou dessa linha? Se fudeu, meu amigo. Agora senta, chora e se fode aí.
E é essa raiva, essa fúria em ter passado dessa linha tênue um dia, em ter acreditado, em ter investido, em não ter percebido evidências contrárias. Essa raiva de querer ouvir milhares de coisas e só receber de volta um "Não sei o que dizer, me desculpe", me motiva a seguir em frente sem voltar atrás. Porque se depois de tudo, de todas as declarações e palavras e promessas e juras você só recebe um dia um "Não sei o que dizer", então não há o que ser dito mesmo.

Aí é o mantra "Forget and forgive" dito com força e fúria pra você mesma. Canalizar essa raiva pra algo que te faça andar, seguir em frente. Move on. Cabeça erguida. Com a certeza que você esteve ali inteira cada minuto. E a vida seguirá seu curso. E um dia tudo ficará pra trás.

domingo, 6 de março de 2011

Sale el sol

Tenho motivos para estar muito feliz. E empolgada. E esperando um tanto de coisas diferentes que estão para acontecer na minha vida. Eu deveria me sentir renovada, ansiosa pra viver essas mudanças, empolgada com o novo que está por vir.
Ao invés disso só me sinto triste. Muito. Com saudade, um aperto no peito enorme, uma vontade gigante de pegar o primeiro avião, segurar você pelo colarinho e fazer de novo a pergunta "onde foi parar o amor?". E o mais difícil de tudo é que eu já sei a resposta, já conheço suas fortalezas, já sei das suas fraquezas. Já entendi que você é pé no peito e na porta para tudo que envolve sua vida, exceto sentimentos. É como se sentir algo por alguém fosse sua kriptonita. Aquela que ao invés de encarar, você precisasse manter distância.
E meus amigos brigam comigo. E falam que eu deveria estar radiante, e feliz, e esperando ansiosamente os próximos meses que mudarão a minha vida. Mas eu não enxergo muito sentido nisso, se não for pra dividir com você. E aí tomo outra bronca quando dizem que não posso fazer minha felicidade depender de outra pessoa. E eu sei que eles tem razão, mas não posso evitar pensar nisso cada vez que algo bom ou ruim acontece e minha vontade é ir correndo contar pra você.
O fato é que eu sempre fui forte, um exemplo de amor próprio. Nunca permiti que qualquer pessoa fosse maior que eu mesma. Mas você tem o dom de me fazer amar e quebrar todos os conceitos e regras que levei uma vida inteira para construir. Talvez seja você a minha kriptonita.
Falei sobre o luto há alguns dias. Sobre aprender a vivenciá-lo. Ou a lembrança da pessoa continua pra todo o sempre ali, não te deixando virar a página.
Talvez seja isso. Luto não é só pra quem se vai involuntariamente da nossa vida. É pra quem a gente percebe que tem que morrer dentro da gente também. Ou a vida não segue da maneira devida. Devo me permitir esse luto que iniciou no dia que percebi que era uma história linda, mas de alguma maneira terminou aos poucos em um email, em juras que só ficaram no papel, em promessas infundadas, num amor maior do que tudo que já tive, mas que não se concretizou. E se não tornou-se vivo, então morreu. É por isso que dói tanto. É o meu luto da forma mais intensa possível, pra que um dia as coisas voltem a fazer sentido outra vez. E eu conheça alguém que não tenha medo algum de segurar minha mão e seguir em frente.

Estas semanas sin verte
Me parecieron años
Tanto te quise besar
Que me duelen los labios

Mira que el miedo nos hizo
Cometer estupideces
Nos dejó sordos y ciegos
Tantas veces

Y un día después de la tormenta
Cuándo menos piensas sale el sol
De tanto sumar pierdes la cuenta
Porque uno y uno no siempre son dos
Cuándo menos piensas sale el sol

sábado, 5 de março de 2011

Manhattan



Você é a resposta de Deus para Jó. Acabaria com a discussão entre eles. Deus diria 'Eu faço muitas coisas terríveis, mas posso também fazer isto!' ― e aponta para você. E Jó diria 'Ok, você ganhou!'."

(Manhattan, Woody Allen, 1979)

Bom carnaval!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Se tem uma coisa que aprendi nos últimos anos, foi a vivenciar os meus lutos. Sempre tive muita dificuldade com isso, mulher forte, de família de mulheres fortes que sempre cuidaram de tudo sozinha. Cresci independente e com minha mãe enxugando as próprias lágrimas enquanto fazia o almoço de domingo, dilacerada pelo divórcio com meu pai. Mas era curioso ver o quanto ela tocou a vida, seguiu em frente e reconstruiu tudo de novo, mesmo com a ausência do meu pai.

E aí que cresci com esse modelo de fortaleza. E achava que tudo teria que ser assim. Até minha irmã mais nova morrer. E eu gritar para todos que tudo estava bem. Eu tinha que ser forte, não podia deixar a minha família afundar em tristeza. Omiti tristeza e disse ao mundo que tudo estava ok, até um dia perceber que eu evitava TUDO que me lembrava ela, e dessa forma não estava mais vivendo. Minha rotina era não vivenciar nada que trouxesse lembranças dela.

Então eu fui pra terapia. E a terapeuta resolveu fazer uma coisa aparentemente pequena mas que mexeu muito comigo. Ela perguntou se eu tinha algum objeto da minha irmã comigo. Contei que fiquei com 3 pulseiras dela pq elas tinham um significado muito forte (um dia conto a história aqui). Ela perguntou: "Acha que consegue colocar as pulseiras no pulso e andar com elas todos os dias?". Comecei a chorar na hora, disse que não conseguiria porque seria lembrar da minha irmã 24 horas por dia. Ela só respondeu que eu já lembrava, mas da pior forma. E que andar com as pulseiras me faria acostumar com a idéia de que ela não estava mais ali. De forma dura e difícil, mas necessária para aquele momento.

E aí eu coloquei as pulseiras. Chorei dias direto. Só de mexer o pulso e ouvir o barulho delas, era motivo pra me fazer chorar. Mas os dias foram melhorando a dor. Outras sessões de terapia vieram. Vivi o luto. E hoje acho que é assim que tem que ser. Você precisa viver os lutos. Seja perder alguém para a morte, seja perder alguém para a vida. Chegar no porão das coisas. Acho que só isso te faz renascer. Não te faz fraca. Só te fortalece para os momentos bons que estão por vir.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Faz 2 anos. Mas é incrível o quanto em algum momento do dia ou da noite sempre penso nela.
Alguma música. A lembrança de um momento específico, imaginar como ela reagiria a alguma situação feliz ou triste da minha vida. Antes era muito dolorido. Hoje a dor deu lugar à saudade. Mas não deixa de ser difícil e muito, muito triste.

E então em noites frias e chuvosas como essa, ouço "Pra declarar minha saudade" da Maria Rita. E faço o que prometi no dia que ela foi embora: soprar beijos e cantar essa música pra ela. Toda vez que eu ouvir. E esperar que ela sinta o amor incondicional que estará pra sempre aqui.

"tenho certeza que você de onde ouvir
meu soluçar em forma de uma canção,
vai se lembrar que nosso amor é tão bom
e que pra sempre vai durar..."