segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sabe quando percebi que estava livre outra vez? Quando me vi no meio de uma balada gay, cercada de gente que adoro, suada de tanto dançar, descalça, com uma água mineral na mão e um sorriso gigante no rosto.

Ali ficou claro: Eu voltei. Sou novamente a mulher que tanto queria voltar a ser. Feliz, cheia de sonhos e vontades, sem amarras, sem tristezas e mágoas.
É maravilhoso perceber que as coisas doem, mas tudo volta ao eixo. É só ter paciência. Manter a espinha ereta e o coração tranquilo. Daí um dia você acorda e percebe que agora é mais leve. Muito mais.

Vida, pode mandar mais dias ensolarados. Estou pronta pra eles. Da forma mais intensa possível. A eterna dançarina pollyana está de volta.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sabedoria

Agora que o visto saiu, a viagem ficou realmente concreta. Antes disso eu sempre pensava que algo podia dar errado na entrevista no consulado, e isso não me deixava planejar efetivamente as coisas.
Fato é que as passagens estão compradas, apartamento alugado e curso fechado e pago. Embarco no final do mês e agora começou uma fase particularmente gostosa e ao mesmo tempo de aperto no peito: as despedidas. Despedidas de amigos, o abraço apertado no final dos encontros. O abraço de "estou indo, e nos vemos na volta. Ainda que eu não saiba quando ela efetivamente acontecerá".

Na semana passada foi o último dia no trabalho. Fui corajosa e pedi demissão. Mesmo com os muitos projetos, com a estabilidade, com as tantas possibilidades. Eu sou a pessoa que arrisca. Costumo dizer que essa é a única vida da qual vou me lembrar. Se eu não fizer as coisas de maneira que realmente valha a pena, não faz qualquer sentido estar nela.

E hoje foi uma pré despedida (pré porque eu ainda vou abraçar e cheirar e beijar ele muitas vezes antes da viagem) do meu único sobrinho de 7 anos. Ele é o homenzinho da minha vida. Aproveitei o fato dele não ter tido aula e o levei a um passeio comigo. Passamos a tarde juntos. Almoçamos, levei-o a um parquinho de diversões, tomamos sorvete, passamos na loja de brinquedos. E aí doeu. Doeu porque eu não suporto passar 2 dias sem vê-lo. Imaginei como serão esses meses. Como será ficar sem a voz doce dele, a cheiradinha diária no pescoço.
Ele percebeu a minha tristeza enquanto o observava brincar. E me disse:

- As pessoas não podem ficar tristes porque a outra foi embora. O amor continua sempre, não continua?

Ele falava sobre uma amiga que tinha acabado de me ligar e disse que sentiria saudades. Mal sabia que essa frase dele será o meu mantra pra viagem. E pra vida.

Quando o amor vacila

Ela se meteu em polêmica recentemente. Mas suas músicas tocam minha alma da forma mais profunda. O DVD "Dentro do mar tem rio" me faz chorar toda vez que assisto. Não importa quantas vezes. Tudo que ela canta e recita, é poesia absoluta.

Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.

Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.

Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.

Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.

Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.

Amo teu jogo triste.

As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.

Eu amo a tua alegria.

Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.

Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.

Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.

Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.

Amo teu sistema de vida e morte.

Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.

Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.

Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.

Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.


(Quando o amor vacila - Maria Bethânia)

domingo, 3 de abril de 2011

Just a girl

Em 2003, enquanto eu cursava a faculdade, um colega de classe disse uma coisa que mexeu muito comigo:

- Vai ser muito difícil você casar um dia. Os homens tem medo de mulheres independentes. Você vai intimidar muitos deles.

Foi a primeira de muitas outras vezes que ouviria a mesma frase. De pessoas diferentes. Nunca me importei com isso. Porque namorados incríveis vieram, e sempre tiveram muito orgulho da pessoa que sou. Então sempre achei isso uma grande bobagem.

E aí hoje estava lendo a Revista Lola de abril e uma entrevista do psicanalista Alberto Goldin me chamou muito a atenção. Ele falou sobre a desvirilização do homem diante das mulheres poderosas. E do quanto o homem ainda prefere a idéia de proteger a menina e mulherzinha frágil.

Eu não sou feminista. Aliás muitas vezes compartilho de opiniões até machistas demais para o tempo atual. Mas achei o texto tão sem noção, que precisava escrever a respeito.

Mulheres independentes são quase sempre confundidas com seres humanos sem sentimentos, racionais, mandonas e de personalidade difícil. O que a maioria não sabe é que ser independente não nos faz diferentes das outras mulheres. Temos conflitos internos, inseguranças e dúvidas existenciais. Adoramos um bom colo depois de um dia difícil (ou feliz) de trabalho. Levamos nosso carro para o conserto, pagamos as nossas contas, tomamos muitas decisões diárias. Mas valorizamos (E MUITO) a opinião daquele que amamos e escolhemos estar do nosso lado. E o melhor: Apoiamos ele em seu crescimento. Somos boas conselheiras, boas amigas. Temos a mente aberta e quase sempre utilizamos de muito menos drama no cotidiano. Mas amamos. Amamos muito. Somos dedicadas, carinhosas.

E é isso. Sou forte, uma mulher com orgulho da minha história e personalidade. E fico realmente muito decepcionada quando pessoas e matérias de revistas dizem que mulheres como eu precisam demonstrar mais fragilidade. Essa não seria eu. E o homem que me amar, vai me valorizar pela pessoa na qual me tornei.


Talvez no fim das contas as mulheres sejam a Anna Scott do filme "Um lugar chamado Notting Hill". Independentes, cheias de decisão, poderosas. Mas apenas mulheres. Em frente a um homem. Pedindo a ele que a ame. Só isso.


sábado, 2 de abril de 2011

No parque

Segui em frente. Cuidei da minha vida com o carinho e consideração que ela merece. Vivi o luto porque sei que se não deixasse ele tomar conta de mim, uma hora ele voltaria ainda mais forte. E a vida andou. E conheci uma pessoa incrível. O que reforça ainda mais a minha teoria de que na hora que você menos quer, na hora que mais está pensando em todas as outras coisas, no momento que menos espera aparece alguém que mexe com tudo.

E a 1 mês de viajar para um outro país com passagem de ida mas sem saber quando será a volta, as mesmas sensações que eu não queria mais sentir, voltaram. Só que dessa vez ao invés de deixarem meu coração quentinho, a única coisa que consigo sentir é medo. Medo de me machucar de novo. Porque o tombo foi tão feio da última vez, que eu virei a criança traumatizada com o brinquedo. Não quero subir na montanha russa outra vez. Porque sei que ela não tem cinto de segurança. Sei o quanto a subida é deliciosa e cheia da sensação de adrenalina. A expectativa de como será. Mas o que me aguarda na descida? O frio na barriga, as borboletas no estômago, o desconhecido? Só que eu não quero mais montanha russa. Eu quero carrossel. Quero calmaria. Quero não sofrer, não ter medo de perder. Quero o lugar comum. Pela primeira vez na minha vida eu não quero o avassalador. E por isso eu fico paralisada de medo. E fico onde estou. Na porta do brinquedo decidindo se entrego meu ingresso ou se vou comprar um algodão doce. Sozinha.