quarta-feira, 27 de junho de 2012

Respeito muito minhas lágrimas. Mas ainda mais minha risada.

Se tem uma coisa que aprendi com a maturidade, é a de que nada é permanente na minha vida. Em algumas épocas eu senti tanta tristeza, que achei que fosse morrer. Mas os dias foram passando, a dor foi ficando pra trás e logo eu estava pronta pra outra. Então em tempos atuais, se um momento muito difícil me pega com tudo, aprendi a respeitar o meu luto, meu momento de tristeza e lamento profundo. Me interno no meu quarto, durmo o máximo possível pra não ter que pensar muito e deixar a dor ir embora aos poucos. E com o tempo tudo vai se ajeitando. Antes eu me obrigava a levantar, me obrigava a ser forte, me forçava a manter a cabeça erguida. Hoje meu autoconhecimento é suficiente pra me fazer só esperar.

No final de semana retrasado eu passei 14 horas por dia na cama dormindo pra esquecer. Mas ao contrário de muitas vezes na minha vida, sem sofrimento. Sem cobrança pra levantar e seguir em frente. Eu sabia que era uma fase e ia melhorar. Eu só precisava respeitar aquele momento.

E melhorou. No final de semana passado eu já estava o dia todo na rua de novo comprando coisas pro meu apartamento novo (nem tão novo, já moro nele há 6 meses mas a impressão que tenho é que vou levar o resto da vida pra conseguir decorar ele todo). Participei de festa junina, jantei fora, fui ao cinema.

E a vida começa a tomar forma de novo. Aos poucos, devagar e sempre.

Respeito aos seus limites: no dia que você aprende a medida ideal, tudo fica mais leve. Porque às vezes a vida exige que você chute a porta e tome decisões. Mas em outros momentos tudo que você precisa fazer é sentar e esperar a dor passar pra seguir em frente.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

I miss you

Madonna, Gaga, Katy Perry, J.Lo, Kylie Minogue. Todo mundo sabe que adoro um pop desde sempre, mas ela é minha diva maior. Não tem pra ninguém no meu coração. Conheço todas as músicas, ouço os álbuns dela com frequência.

Mas essa música....é um amor muito incondicional. Desde que ela lançou esse último álbum não tem uma semana que essa música não entre na playlist. A letra é linda, o ritmo, a forma como ela interpreta a canção. E essa maldição que é você querer tirar alguém do coração e saber que terá um longo caminho até fechar esse ciclo. Até lá vai arder da exata forma que ela canta.


(Hoje tá mais difícil. Mas eu já sabia que alguns dias seriam piores que outros. Bola pra frente.)

sábado, 23 de junho de 2012

Da hipocrisia e outras drogas

Ontem li esse texto aqui:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/06/18/ostentacao-diante-da-pobreza-deveria-ser-crime-previsto-no-codigo-penal/ que trata de ostentação vs arrastões que estão acontecendo em restaurantes chiques de SP.
Inicialmente achei que o texto mostra de forma bem efetiva o quanto algumas dondoquinhas só conseguem olhar para o próprio umbigo, mas por outro lado algumas colocações feitas são muito pertinentes e me trouxeram uma conclusão bem óbvia perante um cenário que vejo no Brasil hoje: O de que vivemos um momento onde você precisa ser um falso modesto pra ser considerado uma pessoa normal. Precisa comprar roupas simples, ter um celular barato, andar a pé (ou no máximo de bicicleta). Viajar pro exterior? Vá, mas não espalhe a notícia. Ou vão pensar que você está de exibicionismo. É preciso ser modesto, é preciso viver modestamente pra ser valorizado como um ser humano digno.

Tá, mas e se eu quiser comprar aquela bolsa que eu adoro e trabalhei 12 horas por dia pra ter direito a comprar? E se é um sonho eu comprar um sapato que eu acho bonito, que me deixa bonita, e se eu quiser o smartphone e toda a tecnologia que ele traz? Eu não posso? Eu preciso trabalhar dignamente e feito uma louca mas não posso cogitar a idéia de viajar o mundo o quanto o meu dinheiro permitir, porque ter acesso a novas culturas é algo que me enobrece como pessoa?
Eu odeio a falsa modéstia. Eu sei que existe futilidade, eu sei que as pessoas estão cada dia mais voltadas ao ter e não ao ser, mas e se eu também tenho desejos consumistas? Vou deixar de ser um ser humano em evolução se reconhecer que eles também me fazem feliz? Eu não posso ajudar pessoas, evoluir, crescer, apoiar outras pessoas no seu crescimento, se eu não praticar a arte do desapego material?

Eu sei lá, o mundo tá muito hipócrita. E eu não vou fazer parte disso. Meu direito de ir e vir e fazer aquilo que me dá vontade não vai dar lugar ao de um ser humano que precisa abrir mão de tudo pra se fazer uma pessoa do bem.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Último romance

Essa noite tive um sonho bom com você. Que me fez ficar triste percebendo o quanto é difícil quando só o inconsciente lembra de coisas boas. Los Hermanos tem razão toda vez que canta que o esforço pra lembrar é vontade de esquecer. 

domingo, 17 de junho de 2012

E por isso a gente terminou

Um ex namorado tinha uma teoria sobre as nossas brigas. Ele dizia que por mais que você odeie a pessoa depois de uma grande discussão, por mais que você não queira saber de conversa, termine e jure pra si mesma que nunca mais vai voltar àquele relacionamento de novo, o tempo é o senhor de tudo. 1 semana depois a raiva é menor, 15 dias depois seu coração já não guarda mágoa. 1 mês depois você já nem lembra porque brigaram. E eu voltava. Eu sempre voltava pra ele depois que a raiva passava. Por um bom tempo sua teoria sobre brigas, desencontros e encontros fez muito sentido.

Ele só não contava com um aspecto para a teoria: O de que cada vez que eu voltava, um pouco do que eu sentia por ele ficava pra trás. Quando você ouve coisas muito difíceis, quando tantas ofensas são ditas, o amor não volta o mesmo. Ele volta menor e muito fragilizado. E foi assim por um bom tempo. Idas e vindas, ofensas e promessas de nunca mais reatar, até o dia que cansada de tudo eu não voltei mais. E a teoria dele perdeu totalmente o sentido.

As pessoas esquecem que tudo aquilo que não é regado, não é equilibrado, não tem diálogo e é baseado em brigas e desentendimentos contínuos, acaba. Por mais amor que exista, por mais admiração e carinho. Um dia fica impossível continuar.

E essa é uma das verdades mais tristes e absolutas da vida.  :(
 


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cara valente


Hoje o shuffle do meu Ipod não poderia ter escolhido melhor.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Casos inacabados

Tem gente que vai ficando na nossa vida. A gente conhece, se envolve, termina, mas não coloca um ponto final. De alguma forma a coisa segue. Às vezes, na forma de um saudosismo cheio de desejo, uma intimidade que fica a milímetros de virar sexo. Em outras, como sexo mesmo, refeição completa que mata a fome mas não satisfaz, e ainda pode causar dor de barriga. Eu chamo isso de caso inacabado.


Minha impressão é que todo mundo tem ou teve alguma coisa assim na vida. Talvez seja inevitável, uma vez que nem todas as relações terminam com o total esgotamento emocional. Na maior parte das vezes, temos dúvida, temos afeto, temos tesão, mas as coisas, ainda assim, acabam. Porque o outro não quer. Porque os santos não batem. Porque uma terceira pessoa aparece e tumultua tudo. Mas o encerramento do namoro (ou equivalente) não elimina os sentimentos. Eles continuam lá, e podem se tornar um caso inacabado.

Isso às vezes acontece por fraqueza ou comodismo. Você sabe que não está mais apaixonado, mas a pessoa está lá, dando sopa, e você está carente... Fica fácil telefonar e fazer um reatamento provisório. Se os dois estiverem na mesma vibração – ou seja, desapaixonados – menos mal. Mas em geral não é isso.

Quase sempre nesse tipo de arranjo tem alguém apaixonado (ou pelo menos, dedicado) e outro alguém que está menos aí. A relação fica desigual. De um lado, há uma pessoa cheia de esperança no presente. Do outro, alguém com o corpo aqui, mas a cabeça no futuro, esperando, espiando, a fim de algo melhor.

Claro, não é preciso ser psicólogo para perceber que mesmo nesses arranjos desequilibrados a pessoa que não ama também está enredada. De alguma forma ela não consegue sair. Pode ser que apenas um dos dois faça gestos apaixonados e se mostre vulnerável, mas continua havendo dois na relação. Talvez a pessoa mais frágil seja, afinal, a mais forte nesse tipo de caso. Pelo menos ela sabe o que está fazendo ali.
minha observação sugere, porém, que boa parte dos casos inacabados não contém sexo. A pessoa sai da sua cama, sai até da sua vida, mas continua ocupando um espaço na sua cabeça. Você pode apenas sonhar com ela, pode falar por telefone uma vez por mês ou trocar emails todos os dias. De alguma forma, a história não acabou. A castidade existe, mas ela é apenas aparente. Na vida emocional, dentro de nós, a pessoa ainda ocupa um espaço erótico e afetivo inconfessável.


Esse tipo de caso inacabado é horrível. Ele atrapalha a evolução da vida. Com uma pendência dessas, a gente não avança. Você encontra gente legal, mas não se vincula porque sua cabeça está presa lá atrás. Ou você se envolve, mas esconde do novo amor uma área secreta na qual só cabem você e o caso inacabado. A coisa vira uma traição subjetiva. Não tem sexo, não tem aperto de mãos no escuro, mas tem uma intimidade tão densa que exclui o outro – e emocionalmente pode ser mais séria que uma trepada. Ainda que seja mera fantasia.

A rigor, a gente pode entrar numa dessas com gente que nunca namorou. Basta às vezes o convívio, uma transa, meia transa, e lá está você, fisgado por alguém com quem nunca dormiu – mas de quem, subjetivamente, não consegue se esquivar. Telefona, cerca, convida. Estabelece com a pessoa uma relação que gira em torno do desejo insatisfeito, do afeto não retribuído. Vira um caso inacabado que nunca teve início, mas que, nem por isso, chega ao fim. Um saco.


Se tudo isso parece muito sério, relaxe. Há outro tipo de caso inacabado que não dói. São aquelas pessoas de quem você vai gostar a vida toda, cuja simples visão é capaz de causar felicidade. Elas existem. Você não vai largar a mulher que ama para correr atrás de uma figura dessas, mas, cada vez que ela aparecer, vai causar em você uma insurgência incontrolável de ternura, de saudades, de carinho. O desejo, que já foi imenso, envelheceu num barril de carvalho e virou outra coisa, meio budista. Você olha, você lembra, você poderia querer – mas já não quer. Você fica feliz por ela, e esse sentimento é uma delícia.

Para encerrar, uma observação: o alcance e a duração dos casos inacabados dependem do momento da vida. Se você está solto por aí, vira presa fácil desse tipo de envolvimento. Acontece muito quando a gente é jovem, também se repete quando a gente é mais velho e está desvinculado. Mas um grande amor, em qualquer idade, tende a por as coisas no lugar. Uma relação intensa, duradoura, faz com que a gente coloque em perspectiva esses enroscos. Eles não são para a vida inteira, eles não determinam a nossa vida. Quem faz diferença é quem nos aceita e quem nós recebemos em nossa vida. O que faz diferença é o que fica. O resto passa, que nem um porre feliz ou uma ressaca dolorosa.

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Na coluna do Ivan Martins (Revista Época dessa semana). Um texto que todos precisamos ler de vez em sempre. Boa semana. <3