Era uma vez uma garota. Diferente de um jeito só dela. Cheia de opinião e atitude.
Cresceu num lar desfeito. Com pais separados mas que nunca deixaram de ter uma ótima relação, mesmo não mais juntos. Mas já criança ela fez uma promessa a si mesma: A de que no dia que ela se casasse, seria pra sempre. Porque mesmo num divórcio saudável, ela cresceu sabendo o quanto é sempre horrível acordar de manhã e nunca ter pai e mãe sob o mesmo teto. Então ela jurou que jamais aceitaria se casar se estivesse com dúvida. Ela não é mulher de dúvida. E não quer que seus filhos passem pelo que ela passou, numa criação dividida entre pai e mãe. A técnica dela é bem simples: Quando ela namora alguém, depois de um tempo projeta si mesma 20 anos à frente, chegando a um apartamento, ou casa. Um lar. É essa pessoa que ela quer encontrar lá, esperando-a pra contar do dia, fazer um jantar descontraído e dormir abraçada? Se a resposta for sim, é com ele que ela vai se casar. Se for não, e por medo de terminar num status como o de seus pais, é melhor finalizar tudo ali mesmo.
E os anos passaram. E essa garota recebeu o singelo apelido de "noiva em fuga" dado por amigos que acompanharam ela namorar pessoas, fazer essa pergunta pra si mesma, ter não como resposta interior e dessa maneira seguir sozinha.
Mas um dia, a garota que quer um casamento que dure pra sempre, encontrou seu par. Um par muito diferente dela. O mais diferente de todos. E por ela ser também diferente, faíscas aconteceram no ato. E por ele ela se apaixonou. E logo depois descobriu o amor. O melhor de tudo? Uma recíproca totalmente verdadeira.
Chegou o dia em que ela faria a reflexão se era ele que ela queria encontrar daqui 20 anos num apartamento, esperando-a pra jantar? Não. Porque era tanto amor, tanta identificação, tanto sincronismo e tanta conexão, que ela nunca precisou se perguntar. Ela sabia que era ele. Porque como ele mesmo dizia: "tinha que ser assim".
Mas como toda história tem seus atropelos, um grande impecilho os impede de ficar juntos. Ela pode abrir mão de coisas importantes da sua vida pra viver esse amor. Ele pode abrir mão de coisas importantes de sua vida pra viver esse amor. Ao invés disso, ambos ficam ali, inertes.
Porque ela tem medo de não ser feliz se abrir mão. Porque ele tem medo de não ser feliz se abrir mão. Mas ambos sabem também que serão totalmente infelizes se não estiverem juntos. É uma matemática complicada, porque quando envolve coração torna tudo mais difícil.
Ambos seguem inertes. Sabem que um dia algo terá que acontecer. Ou ela abre mão em nome do amor que sente por ele, ou ele abre mão em nome do amor que sente por ela. Mas a grande, grande dúvida que hoje paira na cabeça da nossa mocinha é: "Se nenhum dos dois abre mão do que é preciso pra assim ficarem juntos, se ambos continuam inertes, será que é amor?". Na percepção dela amor é algo que te preenche de tal maneira, que se a outra pessoa não estiver contigo, sua vida é o inferno. Então por que ambos seguem no inferno ao invés de tomarem a decisão pelo paraíso juntos e de mãos dadas?
E essas respostas não virão tão cedo. Mas ela sabe que com ou sem final feliz, ela tem que fazer a sua vida continuar. De noiva. Ou em fuga.