sábado, 27 de dezembro de 2008

Eu sei que vou te amar


Alguns acontecimentos são tão terríveis, que você acha que só vai presenciar em filmes no cinema, ou em uma novela bem dramática.

Acordar às 06h20 da manhã no dia 24 de dezembro com uma ligação da Polícia, e receber sozinha a notícia que sua irmã de 19 anos de idade morreu na hora em um acidente de carro, era algo que eu jamais achava que aconteceria comigo. Com minha família. Mas aconteceu.

Escrevo hoje, depois de poucos dias, porque tenho buscado qualquer forma de amenizar a minha dor. Tenho tido momentos de todo tipo. Aqueles em que eu consigo contar para as pessoas em detalhes o que houve de forma mais tranquila. Em outros momentos eu grito, choro, e por uma fração de segundos tenho a impressão que morri também. Sim, é claro que eu morri. Parte de mim nunca mais será a mesma.

A reação das pessoas também é curiosa. Gente que eu não falava há anos apareceu na minha casa, me abraçou de forma confortante, e deu total apoio à minha família. Outras pessoas que eu achava que estariam ao meu lado incondicionalmente, só me fizeram ouvir um "Sinto muito", e desapareceram. Não culpo ninguém, fico pensando que se eu estivesse do outro lado talvez também não saberia como agir com uma notícia tão trágica e surreal.
A minha casa não ficou vazia desde então. São vizinhos, amigos, gente curiosa que só quer saber detalhes do acidente, gente que chora conosco com a mesma dor que sentimos. A imprensa também veio. Minha irmã foi notícia em todos os jornais e emissoras. Afinal de contas uma morte tão trágica no natal não é algo comum e passível de compreensão.

Eu não fui ao velório, muito menos ao enterro. A imagem que quero dela é a da minha irmã adolescente, a quem eu amo mais do que tudo(eu nunca vou dizer amava, meu sentimento vai permanecer aqui, no presente, pra sempre). A imagem que quero é dela entrando no meu quarto pra contar o quanto estava feliz com o namorado. Quero sentir seu perfume, sem que esteja misturado a flores em um cemitério.
Quero usar a pulseira de coração dela(único objeto que peguei pra mim), e lembrar dela dizendo que no meu aniversário compraria um igual pra me dar. Não houve tempo para isso.
Quero o som da sua gargalhada vendo pegadinhas na TV às quais ninguém via graça alguma a não ser ela.
Quero o barulho do portão com ela chegando, e o meu sobrinho gritando feliz o nome dela ao vê-la por perto.
Quero até mesmo nossas brigas, quando eu não aceitava o seu jeito tão intenso de viver a vida. Cheguei a dizer algumas vezes "Você é tão nova, porque vive como se cada dia fosse o último? Tenha mais paciência com as coisas". Hoje entendo sua pressa em fazer as coisas acontecerem.
Eu quero a minha linda. A minha menina. A minha princesa. Que mesmo aos 19 anos de idade eu teimava em chamar assim. Sempre disse a ela que pra mim ela não tinha crescido.

Essa dor teima em tomar parte de mim em todos os momentos. A cada segundo. É como uma ferida que te lembra incessantemente como dói.
Minha esperança é de ver os dias passarem. E lembrar dela no futuro com muita saudade. Sem a dor cortante que sinto.
Agradeço aos meus amigos tudo que tem feito por mim. Meu Deus, eu não sei o que seria da minha vida sem as ligações, os abraços, o carinho, as palavras lindas.
A minha família então, não tenho comentários. Demonstrou ser a mais unida do mundo. Sei que posso contar com todos, a qualquer hora do dia e da noite e isso me conforta bastante.


E um agradecimento especial ao meu menino. Meu Fe. A primeira pessoa para quem eu liguei aos prantos quando soube de tudo. A pessoa que tem segurado toda a barra do mundo ao meu lado. Mesmo que em silêncio, enquanto eu choro desesperadamente.
Todo o meu amor pra você, meu lindo. Agradeço a Deus todos os dias sua presença em minha vida.



Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar. A cada despedida eu vou te amar. Desesperadamente eu sei que vou te amar. E cada verso meu será pra te dizer, que eu sei que vou te amar. Por toda a minha vida.

6 comentários:

Cajuzinho disse...

Dani, sabe que acompanho seu blog, e fiquei em prantos ao ver essa noticia.
Em lagrimas rolando em meu rosto, imagino sua dor, e saiba que pode contar comigo se precisar. Jamais a gente acha que pode acontecer com a gente esse tipo de coisa, e imagino sua dor, pois se acontecesse comigo, morreria junto. Tenha força, e deixe nas mãos de Deus, ele sabe o que faz, ela deve ter cumprido sua missão aqui na terra, mesmo sendo muito revoltante a nós. Fez bem em não ter ido ao velorio/enterro, lembresse dela apenas com as boas recordações, e se possível, ofereça um vaso de flores a ela em sua casa. (como li no livro Violetas na Janela).
Sinto muito Dani, de coração mesmo.
Um grande beijo.
Carina

Viviane disse...

Cara, eu ainda tô em choque e sem saber o que te dizer.
Até porque eu sei que nessas horas nada, mas nada do que nos digam nos consola.

Então eu por ora fico aqui, desejando que vocêm sinta meu abraço mais que apertado.
E quando a gente se ver pessoalmente eu faço isso.

Força tá?
Amo tu.

Anônimo disse...

Desejo muita paz e força pra sua família. Como sua amiga falou, ele deve ter cumprido sua missão por aqui e com certeza... ela vai estar sempre olhando por vocês. Tente não ficar triste... pense sempre nos momentos bons que vocês tiveram juntos. Não é bom para o espírito dela ver vocês sofrendo... Eu sei que é dificil se conformar, te desejo muiita força. Abraços, Carol (fui eu q fiz comentário no post anterior)

Caféína disse...

Deus conforta a dor. E ficam as boas lembranças e a saudade. Força para você e para a sua família. Sinta-se abraçada!!

Andréa disse...

Caramba, menina, que dor, que provação pra você e sua família. Tô aqui rezando por vocês e pela irmãzinha que foi na frente. Fique firme. Se precisar, é só chamar: an2163@hotmail.com

Maria Helena disse...

Dany, sou a Mari, amiga da Vivi e fã da MAdonna como tu.... Lembra?? Só queria te dizer que desejo muita luz e muita serenidade para vc e para os seus, pois infelizmente, essa é uma situação que não podemos mudar. Qualquer coisa, é só me chamar no gmail... Um beijo grande no coração.