domingo, 21 de setembro de 2008

Special day


Era verão de 2003. Eu cheguei em casa no domingo à noite, exausta.

Minha irmã, então com 19 anos veio correndo me contar.


- Estou grávida.

- O quê? Como sabe?

- A mulher sempre sabe quando está grávida.

- Você fez algum exame?

- Não...

- Então para de me encher. Todo mês é a mesma coisa, você diz que está grávida e não está.

- Mas dessa vez é sério ! Eu sinto.

- Tá bom. Vou dormir que eu ganho mais.


No dia seguinte, depois de uma enxurrada de emails que ela me mandou durante todo o dia, e pra fazê-la parar de falar no assunto, eu comprei um desses testes de farmácia. Orientei que o fizesse com a primeira urina do dia, assim que acordasse.

Acordei e fui tomar meu banho. Tinha até esquecido do tal teste. Bati na porta do banheiro pedindo pra ela ir logo, e ela saiu. Branca. Com o teste na mão. Positivo.

Começamos a cochichar(nossa mãe não podia ouvir nada, pelo menos por enquanto). Eu a tranquilizei, disse que tinha ouvido casos em que o resultado do teste não era o correto. Pedi para ela ir trabalhar e pensariamos a respeito no decorrer do dia.

Conversamos o dia todo. Email e telefone. E depois de interrogar um monte de mulheres do trabalho, cheguei a uma conclusão: A possibilidade dela realmente estar grávida era MUITO grande.

Agendei pra ela um horário no laboratório de análises clínicas, no dia seguinte logo cedinho. Ela tinha de tirar essa prova, pq estávamos enlouquecendo com essa dúvida. Ela foi ao laboratório. Deu o número do fax da minha empresa. Na empresa dela ninguém podia desconfiar. Ela tinha acabado de conseguir o emprego dos sonhos: Um Estágio em grande multinacional. Estava cursando uma faculdade pública e sua vida profissional só estava começando.

Ao meio dia me ligaram do laboratório. Disseram que passariam o fax naquele instante. Eu fiquei tão nervosa que congelei na cadeira. Uma pessoa que trabalhava comigo na época, e é uma grande amiga até hoje, foi até o fax. E voltou com o resultado: POSITIVO. Minha irmã estava realmente grávida.


Liguei pra ela no trabalho. Ela atendeu e eu contei. Começou a choradeira. Ela disse que não ia ter, estava em um momento profissional fantástico e não poderia estragar tudo. Eu disse que o que ela fizesse seria respeitado. Eu estaria ao lado dela pra o que quer que acontecesse.

Mas passei o dia enviando emails contando como seria divertido irmos a festinhas de final de ano do bebê, e engraçado ela receber aquele presentinho tosco de dia das mães. Tanto falei, que ela resolveu que teria a criança.
À noite contamos para nossa mãe. Que em nenhum momento foi contra a gravidez. Naquele dia, nos abraçamos. As três, ali juntas na sala. E juramos que estariamos unidas em tudo.

A gravidez correu tranquila e é claro que ela foi demitida da sua vaga de Estágio. Infelizmente muita gente ainda acredita que ficar grávida é estar doente.
Mas ela sabia que assim que o filho nascesse, bons empregos não faltariam. Ela sempre foi muito boa. E teria de atrasar um pouco as coisas. Mas sabia que era por um bom motivo.
E há exatos 5 anos atrás, eu entrava apressada no hospital e a via sorridente na cama. Yan tinha nascido. Corri para o berçario e completamente desnorteada entrei. Sem esterilização. A enfermeira quase me matou. Mas viu minha aflição e trouxe ele. Colocou em meus braços. E eu chorei, meu Deus como eu chorei. Ele tremia de frio, mal conseguia chorar.
Ao longo desses 5 anos ele é nossa luz. É quem nos fala pérolas inteligentes, nos mata de rir. É o meu anjinho que tantas vezes em dias tristes alegrou minha vida. E meu Deus, como eu agradeço o fato dele estar aqui conosco hoje. Principalmente por ser o responsável pela felicidade e união de toda a família.
Mora sozinho com minha irmã hoje. Mas está presente na minha vida mais do que nunca.

E é por ele que venho aqui. Agradecer a luz absoluta que ele me trouxe. Nos trouxe. E pedir a Deus que faça dele esse menino lindo e cheio de saúde que tanto amamos.
Perguntei a ele o que queria de aniversário. Ele foi curto e grosso:

- Um CD do Elvis.
Vejo que a educação que recebeu está saindo do jeitinho que planejamos....hahahaha.


3 comentários:

Taty. disse...

Lindo, li com osd olhos cheios de lágrimas.
Como diria a Drew no filme "Os homens da minha vida": - Ele é minha salvação.
Agradeço a Deus todos os dias por ter ele na minha vida.

Maria Helena disse...

Lindo...... Chorei lendo Dani... Entendo perfeitamente o desespero da sua irmã, me descobri grávida tb em situação semelhante, a unica diferença, foi que casei dois meses depois...rs* Muita Luz para vcs 3! Um beijo

Caféína disse...

Poxa q lindo
tb curto demais meus sobrinhos, assim não preciso fazer um bb pra mim.
e o garoto vai longe heim, gostando de Elvis, vai longe!!